Roteiro para uma peça de teatro
OS MÚSICOS DE BREMEN
E. PIMENTEL
Inspirado no Conto de Fada: “Die Bremer Stadtmusikanten”, dos Irmãos Grimm
Elenco de personagens
1. BURRO:
2. CÃO:
3. GATO:
4. GALO:
5. LADRÃO 01:
6. LADRÃO 02:
Narrador Onisciente:
SINOPSE: LIBERDADE
Nesta história, um burro, um cão, um gato e um galo, maltratados pelos seus donos, abandonam-nos e decidem ir para Bremen, uma cidade onde conhecerão a liberdade.
No caminho para Bremen, vêem luz numa casa; espreitam dentro e vêem dois ladrões desfrutando do produto de seu roubo. Apoiados nas costas uns dos outros, decidem cantar, na esperança de serem alimentados. A sua 'música' tem um efeito inesperado: os homens fogem, não sabendo a origem de tão estranho som. Os animais tomam posse da casa, comem uma boa refeição, e deitam-se para dormir.
Durante a noite, os ladrões regressam e um deles entra na casa para investigar. Ao ver os olhos do gato brilhando no escuro, pensa que sejam brasas e inclina-se para acender a sua vela. Numa rápida sucessão de acontecimentos, o gato arranha-lhe a cara, o burro dá-lhe um coice, o cão morde-lhe a perna e o galo afugenta-o porta afora, cacarejando. O homem diz aos seus companheiros que foi atacado por monstros: uma bruxa horrível que o arranhou com as suas enormes unhas (o gato), um gigante que lhe deu uma paulada (o burro), e pior de tudo - um terrível demônio que gritou aos seus ouvidos (o galo). Os ladrões abandonam a casa às estranhas criaturas que dela se apossaram, onde os animais vivem felizes até ao final dos seus dias.
Esta fábula tem um significado óbvio: os quatro animais representam as diferentes classes do povo; os seus donos os regentes feudais daquele tempo. Bremen, significa a liberdade. Bremen é uma cidade livre, hanseática, localizada no norte da Alemanha, onde não existia feudalismo; portanto, o local natural para se viver sem donos.
Época 1815 – 1818
Local ALEMANHA
ATO I
Cortinas Fechadas
NARRADOR
Era uma vez um burro que durante muitos anos tinha transportado sem descanso sacos de farinha para o moinho de seu dono. Agora, no entanto, estava cansado, tão cansado que já não conseguia fazer o trabalho. O dono pensou então em livrar-se dele.
ATO II
Cortinas se abrem. O palco está dividido com dois cenários:
1: Um local no campo com uma moenda de trigo.
2: Casa. É noite. Há dois ladrões dentro dela, sentados ao redor de uma mesa cheia de comida, com lamparinas acesas. Na lareira , um pouco de cinzas. Diante da porta, um tapete fofinho. No quintal, um pouco de palha de milho amontoada.
CENA 1
Um burro está carregando um saco de farinha de trigo (saco de cor branca)
BURRO (reclamando da vida)
Ai ai oh vida marvada.
NARRADOR
Percebendo que o vento não estava a seu favor o burro foge e pôe-se a caminho da cidade alemã de Bremen, pensando poder entrar para a banda de música da cidade. Já caminhava havia algum tempo quando encontrou um cão de caça estendido no chão.
ATO III
CENA 2
Um cão estendido no chão, com cara de desolado e triste.
BURRO
Cãozinho, por que motivo é que estás assim?
CÃO
Ah! ―, é que estou velho e cada dia sinto menos forças. Como já não sirvo para caçar, o meu dono quis matar-me. Por isso fugi, mas agora como é que eu vou ganhar a vida?
BURRO
Olha, eu vou para a cidade de Bremen, no norte da Alemanha, onde penso entrar na banda de música. Venha comigo e tentarei que entre também. Eu tocarei alaúde e você tambor.
NARRADOR
O cão achou boa a ideia e continuaram juntos. Um pouco mais longe encontraram um gato com cara de enterro.
BURRO
Gatinho, por que é que você está assim tão triste ??
GATO
E como ficaria feliz sabendo que a minha vida está por um fio? Estou ficando velho e, como prefiro ficar deitado ao pé da lareira e ronronar a caçar ratos, a minha dona tentou afogar-me. Escapei a tempo, mas agora, o que vai ser de mim?
BURRO
Venha conosco para Bremen. Você até manja de serenatas, portanto poderá integrar a banda de música da cidade.
NARRADOR
O gato achou boa a ideia e lá foi com eles. Daí a pouco os três fugitivos passaram por uma chácara. Sobre a cancela, um galo cantava a plenos pulmões
BURRO
Ei! Você tá querendo estourar nossos tímpanos ????
GALO
Para hoje, anuncio bom tempo. Mas como amanhã é domingo e haverá convidados, a dona da casa, uma mulher sem coração, mandou a cozinheira matar-me. Por isso estou cantando com tanta força tenho e tenciono continuar enquanto puder.
BURRO
Venha aqui, Crista Vermelha, acho melhor que venha conosco. Nós vamos para Bremen, o que sempre é melhor do que ir parar numa panela. Você tem uma bela voz e, todos juntos, vamos dedicar-nos à música.
NARRADOR
A proposta agradou ao galo e lá foram os quatro rumo a Bremen. Mas, como a cidade de Bremen ficava longe, à noite entraram numa floresta onde decidiram passar a noite. O burro e o cão deitaram-se debaixo de uma grande árvore. O gato instalou-se nos ramos mais baixos. Mas o galo, por uma questão de segurança, preferiu empoleirar-se o mais alto possível. Antes de adormecer, olhou em todas as direções e viu ao longe uma luz. Chamou os companheiros e disse-lhes que não muito longe dali devia haver uma casa porque se via luz. O burro sugeriu:
BURRO
Seria melhor levantarmo-nos e continuarmos o nosso caminho, porque aqui não estamos muito bem instalados.
NARRADOR
Por seu lado, o cão declarou que um par de ossos com um pedacinho de carne não seria nada mal. Por isso o burro, o cão, o gato e o galo encaminharam-se para a luz que viam aumentar cada vez mais e, por fim, chegaram a um antro de ladrões que estava todo iluminado. O burro, que era o mais alto, aproximou-se da janela e espreitou lá para dentro.
CÃO
O que é que você está vendo, seu Zureiudo ?
BURRO
O que estou vendo? Estou vendo uma mesa coberta de coisas boas, apetitosas e dois ladrões sentados à volta dela, todos satisfeitos.
GALO
Oh! De uma mesa assim é que nós precisávamos!
BURRO
É verdade! HHmmmm Se fôssemos nós à volta da mesa!
NARRADOR
Então os quatro animais puseram-se a pensar na maneira de expulsar os ladrões. Finalmente descobriram-na: o burro poria as patas dianteiras no rebordo da janela, o cão saltava-lhe às costas, o gato trepava em cima do cão e, por fim, o galo voaria para cima da cabeça do gato.
CENA 4
Os quatro animais entram em cena e fazem a maior algazarra.
( O burro zurrava, o cão a ladrava, o gato miava e o galo cantava. Depois entraram pela janela, num grande estrondo de vidros) .
NARRADOR
Ao ouvirem esta barulheira tremenda, os ladrões levantaram-se de um salto e, pensando que fosse um fantasma ou polícia que tinha acabado de entrar, fugiram apavorados. Os quatro amigos sentaram-se à mesa e devoraram tudo, como se já não comessem há semanas.
Quando acabaram, os quatro pretensos músicos foram à procura de um bom lugar para dormir, cada qual segundo as suas preferências: o burro deitou-se no pátio em cima da palha, o cão em frente da porta, o gato em cima das cinzas ainda quentes da lareira e o galo empoleirou-se numa trave.
Por volta da meia-noite, os ladrões viram que já não havia luzes. Tudo parecia calmo e, por isso, o chefe deles mandou o número 02 ir ver o que se passava dentro de casa.
O homem encontrou tudo
GALO
― Qui-qui-ri-qui-qui !
NARRADOR
O ladrão pôs-se a correr e fugiu. Foi ter com o chefe e explicou-lhe:
LADRÃO 02 falando ao chefe (LADRÃO nº 01)
Lá no esconderijo existe uma horrível bruxa que me cuspiu na cara e me arranhou a cara com quanta força tinha. Diante da porta há um homem que me deu uma facada na perna. No pátio um monstro encheu-me de pauladas e, lá de cima, do telhado, um juiz gritou: “Tragam-no aqui!”. Só consegui fugir por um verdadeiro milagre...!!.
NARRADOR
Nunca mais os ladrões se atreveram a voltar àquela casa. Pelo contrário, os quatro músicos sentiram-se lá tão bem instalados que nunca mais de lá quiseram sair, nem ir a Bremen.
FIM
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